4 A unidade da personalidade humana
Introdução
O homem é uma personalidade. A característica típica de uma
personalidade é a individualidade, a unidade. A unidade da personalidade tem
sua origem na união das capacidades psíquicas: vontade, sentimento e
intelectuo. Outro componente importante é a harmonia entre o corpo, a alma e o
espírito. O homem possui uma consciência tridimensional.
a)
Consciência de Deus
c)
Consciência do mundo
a)
Deus mesmo era o
objetivo final da criação do homem. este deve viver a favor de Deus. A comunhão
com seu criador dá sentido ao ser humano. Se ele tivesse este propósito, seu
Espírito deveria ter capacidade de se comunicar com o de reconhecer e de
receber o que vem de Deus. Ele sabe que há um Deus. Chamamos isto de Consciência de Deus.
(Rm. 1:21)
–“porquanto, tendo conhecimento de Deus
não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes se tornaram nulos em
seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato:”
b)
Quando Deus deu
ao espírito uma moradia na terra, através do corpo humano, estes dois elementos
formaram a alma vivente. A Alma, que unifica o espírito e o corpo, concedeu ao
homem a sua individualidade, o seu ser, o seu ego. A psique, a alma, que possui
as capacidades de pensar, sentir e querer, é o centro da personalidade humana.
Ela é a essência do ser humano, pois deu ao homem a capacidade de se
conscientizar de si mesmo. Chamamos isto de Consciência de si mesmo ou
Auto-consciência.
(Gn. 2:7) – “...e o homem passou a ser alma vivente.”
c)
O homem vive no
mundo material. Ele necessita da possibilidade de se relacionar com o seu mundo.
Através dos órgãos dos sentidos: audição, visão, tato, paladar e olfato,
podemos Ter contato com o ambiente em que vivemos, podemos conhecer o nosso
mundo. Chamamos isto de Consciência ambiental ou Consciência do mundo.
(Gn. 2:19) – “...trouxe-os ao homem, para ver como
este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse
seria o nome deles.”
Lutero comparou esta tricomposição do homem com o tabernáculo santo
do povo de Israel: Na mesma figura é simbolizado o homem cristão. O espírito é
o “Sanctum Santuorum”, o Santo dos Santos, a moradia de Deus, na fé escura sem
luz, pois ele crê no que não viu, no que não sente e não compreende.
A alma é o “Sanctum”, o Santo. Aqui se encontram sete luzes. Estas
são as variedades da mente: compreensão, conhecimento, comparação das coisas
corporais e visíveis. O corpo é o “Atrium”, o átrio. Este está aberto a todo
mundo, a fim de que vejamos o que ele faz e como vive.” Conclusão: A unidade da
personalidade está baseada na união das suas capacidades psíquicas: intelecto,
sentimento e vontade.
Vontade
- -
Interlectuo - Sentimento
A unidade da personalidade também depende da harmonia entre o corpo,
a alma e o espírito.
Espírito
- -
Corpo - Alma
A unidade na diversidade depende do governo de um único. O espírito
deve governar o homem – ligação com o Espírito Santo de Deus.
(Gl. 5:16) – “Digo, porém: Andai no Espírito, e
jamais satisfareis à concupiscência da carne.”
(Gl. 5:18) – “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a
lei.”
(Gl. 5:25) – “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.”
(Rm. 8:16) – “O próprio Espírito testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus.”
B) A união entre corpo e
alma
a)
O corpo é a entrada de informação para a alma.
A importação para a vida psíquica acontece através dos cinco órgãos
dos sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Este processo é chamado
de cognição sensual e tem as seguintes fases:
1.
Estímulo Externo: processo
físico
Por exemplo: quando a luz incide sobre os olhos.
2.
Sensibilidade: processo
fisiológico
Transmissão do estímulo ao cérebro, através dos nervos reflexo
incondicional
3.
Percepção: processo
psicológico
O cérebro analisa e avalia a informação e reage.
Ação consciente.
4.
Conceito: processo
psicológico
Com a percepção, o estímulo é localizado, separado dos outros e
comparado com acontecimentos passados, a fim de provocar a reação certa. Assim,
se forma um conceito.
5.
Imaginação: processo
psicológico
Ao final do estímulo físico, é possível acontecer a imaginação da
percepção.
6.
Fantasia: processo
psicológico
Sem estímulo externo, a união de imaginações dá origem à fantasia.
b) O corpo concede
à alma, a possibilidade de expressão.
Como a alma constitui o íntimo do homem, ela quer se expressar ao
seu mundo.
Eu penso – por isso quero dizer
Eu sinto. – por isso quero mostrar
Eu quero – por isso pretendo agir
Esta é a exportação da alma. O corpo a capacita maravilhosamente a
se expressar.
Os olhos – as janelas da alma
A voz – falar, contar, chorar, rir
Os membros – movimentos de todo tipo
Os nervos – mímica, etc.
O corpo não é a prisão da alma, mas o propiciador da expressão. O
corpo serve ao espírito, da mesma forma.
c)
A interação entre o corpo e a alma
(Paralelismo psíco – físico ou psíco – somático)
A influência que o corpo exerce sobre a alma e que esta, por sua
vez, exerce sobre o corpo, é chamada de “relacionamento psicossomático”. Logo,
doenças físicas influenciam a alma e vice-versa. Por exemplo: depressões
provocam dor de cabeça, doenças destinárias ou cardíacas. Do mesmo modo,
infecções e traumas físicos podem provocar frustações e depressões. Por isso é
muito importante que parte do ser humano governe a si próprio.
-
O governo do
corpo sobre a alma: os instintos naturais são dominantes. Se o corpo não se
satisfaz, a pessoa entra em depressão.
-
O governo da alma
sobre o corpo: O auto-controle é necessário até um certo ponto. Se a alma fica
sobrecarregada, a pessoa fica doente.
-
O governo do
espírito sobre a pessoa: Este só é possível à pessoa que nasceu de novo. O ser
possível à pessoa que nasceu de novo. O ser humano pode entrar em harmonia
consigo mesmo, com o corpo e com a alma.
As doenças sempre possuem um relacionamento psicossomático. A
interação entre o corpo e a alma é fundamental à saúde da pessoa. As pesquisas
mostram que a maioria das doenças físicas são de origem psíquica. Existem ainda
as neuroses, as doenças que o paciente sente fisicamente e que não têm cura e
diagnóstico físico.
Nós desculpamos pessoas doentes, quando estas mostram falhas em suas
obrigações e responsabilidades. Um homem doente não pode ser culpado pelo seu
estado físico e por sua fraqueza. Ele merece respeito e atenção, sem precisar
mostrar serviço.
As neuroses têm sua origem no
conflito entre os impulsos e sentidos naturais e a consciência moral. Neste
caso, a pessoa não assume uma posição radical, como por exemplo, viver segundo
seus impulsos ou viver conforme seus padrões morais, mas uma síntese das duas.
Esta síntese concede a pessoa a possibilidade de viver com sentimento de
inocência, mas ao mesmo tempo, não se distancia. O “sobre ego” castiga, mas não
condena. Esta sínteses, os jeitinhos da alma, prejudicam a saúde emocional. São
basicamente cinco os processos:
a)
A repressão
O não querer que seja verdade; simplesmente negar o fato e a
realidade.
b) A
racionalização
Após praticar o ato, a pessoa o justifica (encontra uma razão)
ficticiamente.
c)
A sublimação
Transmissão de motivações instintivas em realizações moralmente
altas
d) A projeção
Projeção de impulsos próprios, que são rejeitados em outras pessoas
e)
A compensação
Cobrir o complexo de inferioridade com atividade e esforço
O conflito no psique do homem causa doenças. No primeiro mundo (EUA
e Europa, 56% dos leitos dos hospitais são ocupados por pessoas com doenças
psíquicas. As doenças dependem do comportamento do paciente: passivo e
melancólico ou ativo e agitado. Muitos desses problemas têm como causa o
sentimento de culpa. O tratamento psicológico. Considerando que existe culpa real
e complexos de culpa, que provocam doenças mentais, precisamos tratar ambas as
fontes. Se houver culpa real, pecado, somente o perdão pode resolver o
problema. Se houver um complexo de culpa, este poderá ser resolvido com um
tratamento de aconselhamento e instrução, com uma terapia.
Quando tratamos o complexo de culpa através do perdão, não
resolvemos a causa da neurose. O paciente apenas desloca o objeto e a causa da
culpa. Logo, irá se sentir novamente culpado por um pecado que não cometeu. Por
outro lado, se quisermos resolver o problema da culpa real através de um
tratamento psicológico, não solucionaremos nada. Somente a confissão, o
arrependimento e o perdão podem ajudar, podem solucionar a culpa real. Isso
pode acontecer num ato imediato, enquanto que em tratamentos na área da
psicanálise, a solução pode ocupar até 2000 sessões.
A Bíblia nos indica claramente o relacionamento entre alma e corpo
(Sl. 32:3-4; Sl. 51:9-10; Sl. 52:9). Quando existe pecado real, não é um
remédio ou um tratamento psicológico que irá trazer a cura, mas a ligação do
espírito com o Senhor Jesus Cristo, que é a Vida!
(Sl. 62:8) – “Confiai nele, ó povo, em todo tempo;
derramai perante ele o vosso coração: Deus é o nosso refúgio.”
A influência que a psique tem sobre o corpo pode se tornar um fardo
insuportável. Se a alma está sobrecarregada, o corpo não equilibra a pessoa,
deixando-a fisicamente doente. Se houver um relacionamento com Deus através do
espírito, o alívio será possível. Assim, a psique tem uma ventilação para a
sobrecarga emocional.
(Mt. 11:28) – “Vinde a mim todos os que estais
cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”.
C) O relacionamento entre
Alma e Espírito
a) A influência da alma
sobre o espírito
O que o corpo é para a psique, também é para o espírito. Através da
alma, o mundo exterior influencia o espírito (importação) e este, por sua vez,
influencia o corpo através da alma (exportação).
A alma pode alimentar e fortalecer ou enfraquecer e ferir o
espírito, dependendo do conteúdo e da concepção psíquica. A alma é a porta de
entrada do espírito – os olhos, os ouvidos, a boca dos mesmo. Os livros que
lemos, as palavras que ouvimos, as imagens que vemos, tudo isto, não enche
apenas a nossa alma, mas também o nosso espírito (Sl. 119:11; Mt. 10:35).
Nosso psique está sempre ativo. Não existe um vácuo. Os pensamentos,
as emoções e a vontade estão sempre ativos, mesmo quando o corpo está dormindo.
Conhecemos o trabalho da alma, a consciência e a subconsciência. Para o nascido
de novo, o cristão, a alma é a transmissora de todas as impressões ao espírito.
Contudo, o espírito reage como servo do Espírito Santo e como governador da
alma. Ele tem a mente de Cristo e reage espiritualmente, se colocando
ocasionalmente contra a alma. O não do espírito pode permanecer contra o
estímulo psíquico. Isto não significa que o espírito e alma possuam,
automaticamente, simpatia um pelo o outro. A alma, o psique humano, é hábil,
mas o espírito, juntamente com o Espírito Santo, é firme e forte (I Co. 15:58;
Hb. 13:9).
B) A influência do
espírito sobre a alma e o corpo
O espírito constitui o centro do nosso ser. No espírito, estão as
raízes da nossa personalidade, do sentimento, da razão e da vontade.
A tarefa da alma é servir ao espírito como instrumento de expressão.
Assim sendo, uma atitude espiritual é transmitida á alma que, por sua vez,
transmite ao corpo. Isto a torna uma atividade real.
Quando o espírito humano é vivificado pelo Espírito de Deus, ele é
cheio por este e a alma se torna um instrumento maravilhoso das profundidades
da personalidade humana. Contudo, o espírito, que não possui um relacionamento
vivo com Deus, produz frustações e a desmoralização do psique. A alma fica
doente, pois está insatisfeita e desorientada. Logo, há aptia e ambições.
O corpo, com todos os seus membros, constitui apenas o instrumento
do “espírito morto” ou do Espírito Santo, através do espírito vivificado (Rm.
6:19).
Assim, as Sagradas Escrituras confirmam:
-
A boca – (Mt.
12:34-35) – A boca fala do que o coração está cheio.
-
O rosto – (Ex.
34:29) – A pele do seu rosto resplandecia, depois de haver Deus falado com ele.
-
As mãos – (Gn.
48:14) – Israel estendeu a mão direita,... e a mão esquerda... e abençoou. As
mãos são dirigidas pela motivações do coração. Eva pegou a fruta, mas Jacó
abençoou.
Com o novo nascimento, começa o trabalho conjunto do Espírito Santo
com o espírito humano. A vida nova, a vida do espírito, caminha em direção ao
corpo através do psique e faz tudo novo. E é por meio deste processo que se
realiza a obra do Espírito Santo na pessoa.
(Gl. 4:19) – “meus filhos, por quem de novo sofro as
dores de parto, até ser Cristo formado em vós.”
(II Co. 3:19) – “...somos transformados de glória em
glória, na sua própria imagem, como pelo
Senhor, o Espírito.”
Esta transformação à imagem de Cristo, pelo Espírito Santo, se
realiza através do espírito, da alma e, parcialmente, do corpo do cristão
nascido de novo.
A identificação com Cristo é um acontecimento pontual, bem como um
processo limiar. Logo, todo o nosso ser, nossos pensamentos, emoções e decisões
devem ser dirigidos pelo Espírito Santo. Paulo disse:
(Gl. 2:20) – “logo, já não sou em quem vive, mas
Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carme, vivo pela fé no
Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.”
Com isso, não é mais a alma e nem o ego, o centro do ser humano, mas
Jesus Cristo.
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